Períodos de alternância

Todos nós já experenciámos momentos em que a vida nos sorri e outros em que vemos tudo escuro e nubloso, sem que nos lembramos que os dias são exactamente iguais uns aos outros e que as diferenças são feitas por nós, exclusivamente por nós.

Na verdade a segunda-feira é exactamente igual à sexta. Ou o Verão ao Inverno ou  o que dizer de 1999 relativamente a 2011?

Nós marcamos os dias e as datas consoante o estado de espírito os sucessos pessoais e profissionais, as conquistas ou derrotas.

Ao longo do nosso trajecto, alternamos entre alegrias e tristezas, mas alternamos. Os dias passam e nós sentimo-los diferentes. Porquê?

Porque pomos uma carga emotiva grande para tudo o que vivemos e fazemos. Porque não conhecemos a constância. Porque não sabemos não reagir, sonhar, desejar. E é o nosso querer que nos faz embarcar em viagens que nos levam a maus destinos ou a festejar o sucesso da jornada. E assim, passamos toda a nossa existência em períodos de alternância entre o bem e o mau-estar. A felicidade, como lhe chamamos e os desgostos.

 E não existe nada de errado connosco. Ensinam-nos que amanhã há sol e que o desfecho será positivo. E aprendemos a falar em positividade. E acreditar naquilo que nos faz sossegar.

E contudo, estamos dentro das nossas casas, à janela das nossas ruas a olhar para as nossas cidades e a viver as nossas vidas. Desejando calor humano. Desejando companhia ou uma diferente companhia nas nossas camas, nos nossos lençois, nos nossos dias.

E sonhamos, continuamos a sonhar e por isso todas as manhãs saímos à rua e começamos o dia cheios de expectativas ou secretamente pensando que algo vai acontecer. Secretamente desejamos a mudança, mesmo que nos vangloriemos de termos tudo o que quisemos ter.

Que seres estranhos somos e vivem dentro de nós.

Que oportunidades fantásticas a vida nos dá, digo eu.

E que fantástico é poder viver até morrer.