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segunda-feira, 7 de março de 2011




Há noites difíceis. Parecem carregar um peso desumano, demasiado insuportável, injusto e cruel. Nessas noites não nos cabe o ar no peito. Não acalma o ritmo do coração e a dor. O que dizer da dor? Não sei qual é a fonte, mas ela brota em jorros e percorre nas veias todo o teu corpo. E torna-se física. Acreditas que ela existe em ti.
Há de facto noites difíceis. Mas também as há serenas e tranquilas. Cheias de ruídos familiares. Ruídos das ervas, das corujas, das cortinas a esvoaçar pelas janelas, da chuva miudinha na terra e das estrelas que soltam um assobio quando se cruzam umas com as outras, lá em cima. E essas noites fazem-te sorrir, encostada que ficas na ombreira das tuas janelas, a respirar aquele ar fresco e doce que te purifica a alma.
E sentes-te bem. Forte. Invencível. Corajosa. Optimista. Grata.
Mas passados uns tempos esqueces. Voltas às tuas noites difíceis. Às tuas dores e feridas. E apesar de te lembrares das noites bonitas, o teu coração, cansado, recusa acreditar que elas ainda te são possíveis.
Quero que saibas, amiga, que as tuas, são as minhas noites, as tuas, são as minhas dores e que não estás só.
Apesar da distância na terra, no céu a nossa casa fica mesmo uma ao pé da outra e é possível dar um pulinho até à tua porta.
Não esqueças da magia. Aquela  que te viu crescer envolta em ternura e colo materno. Não esqueças do teu riso. De rir. Não terás um colo para te esconderes mas és o colo de alguém.
Agarra-te à coragem e acredita. Acredita na diferença que fazes no mundo. No meu mundo.

1 comentário:

Maria Clarinda disse...

Filhota, hoje ao ler estas tuas palavras...senti-as minhas, escritas de ti para mim...Tenho muitas saudades tuas! Jhs