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sábado, 2 de dezembro de 2017

Noite épica

É hoje a noite da minha emancipação.
Rodeio-me de estrelas, para que não falte brilho.
Solto os cabelos ao vento para que de longe as areias dos desertos se perfumem e dancem no sigilo da escuridão.
Atiro beijos aos pássaros que arrulham nos parapeitos vizinhos curiosos.
Danço em bicos dos pés, com ares de princesa, sem coroa.
E abro os meus braços, o meu peito em sorriso, à noite que me cerca e digo-lhe que me abrace. E enlace.

E danço esta dança conquistada, de lutos já passada, rejuvenescida, louca e endiabrada. Sou chuva e tempestade, aliada da verdade. Sou poeira afugentada e a lua revelada jubila de alegria e as fontes, as aves, os ninhos e beirais congelam no tempo. 
Aguardam em cumplicidades, olham-se quase humanas e reconhecem na loucura a sanidade. E riem de verdade.

O som cresce. Desenha-se nas esquinas, emerge das sarjetas, inspeciona os jardins, questiona os ruídos e escurece a cidade. E eis que o coração que bate em uníssono, a cada compasso, cresce e enobrece. A cidade às escuras. O caos aguarda. E na varanda ela dança, em sintonia com os elementos. E rodopia. E flutua. E sobe ao topo dos arranha céus. E convida o mundo e o firmamento para a festa. E as nebulosas.

Não existe vivalma por perto.
O universo está atento.
É o teu renascimento Mulher. Emancipada. Livre de pecados. Com gestos e emoções geridas. Solta de medos. Pronta para caminhar uma estrada que nunca foi decalcada. Que te levará a destinos desconhecidos, mas teus. Secretos. Serenos. Teus.

Conhece-te a ti mesma. Sem pressas. Ama-te na noite e no dia. Cuida-te.
És tu, finalmente frente a frente contigo. Sem pós perlimpimpins.  Sê tu e basta-te.
Vive o hoje com desapego do amanhã. Deita no fundo do saco os medos e inseguranças e sê tu. Livre e parte à tua descoberta.
O mundo é um lindo lugar para viveres, mas de agora em diante, com verdade!


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