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sábado, 23 de outubro de 2010

Tempestade na noite



De onde vens?
Quem é o teu mentor? A quem chamas pai ou mãe?
Quem és ?
Estás vivo?
Sonhas? desejas? planeas?
Tens futuro? vives? Já morreste? Morres? Desesperas?
Bem-vindo à vida. Na sua casca enrolada, pisada, sem aroma e consequência.
Na sua ténue existência, tecida de fios de memórias pardacentas. Na penumbra sentes-te vaguear, mas não é por ser noite ou dia, mas porque a tua alma de ti emigrou e outro corpo foi habitar por de ti só sentir o frio e de luz tão precisar.
Não me venhas com lágrimas e suspiros, com gritos e murros ocos, de ti nada aceito enquanto te sentires vã.
Descobre no sol-posto as cores primordiais, viaja até à montanha, desce ao abismo, mergulha nos oceanos, aventura-te em desertos tão certos.
Esquece o amargo. Procura no barco o caminho para um porto e  pede abrigo entre muros sem desgosto.
Não há palavras.
Tens de querer e acreditar. Tens de vencer e superar. O teu mal é um mal antigo, tão velho quanto viciado.
Pede ao teu peito abrigo. Aprende a palavra "amanhã" e repete-a como um cerimonial, numa falésia ou num beco perdido mas repete-a, repete-a para a tua alma.
Cala o frio desse peito e veste uma casaco amigo. Abotoa-te. Abraça-te. A noite é curta e há-de passar.
Há-de passar.

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