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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Agora é Outono.



Caiem as folhas que me abrigam o coração. Uma a uma. Mas ele não fica despido. Apenas estou a mudar de estação. E para que a mudança seja visível e sentida eu tenho de mudar de rosto e de vestido.
A minha natureza obriga-me a mudar.
Escolho o início de cada da estação do ano, para o fazer.
Não vos posso descrever este ritual que me acompanha, porque ele se altera em cada mudança, em cada estação.
Sei que a minha necessidade de crescer é intensa. Sei que não ando pela vida sem sentido, deixando que pessoas, momentos, palavras, passem por mim sem me tocar ou me ferir ou...
Sei também que no Outono em que me encontro, procuro mudar de folhagem, refinar as emoções e inventar novas palavras. Um renascido olhar.
Vivo com serenidade o decorrer deste dias de procura. Não uso calendário, nem relógio. O tempo não é determinante na minha mudança. O tecer do novo vestuário que me irá cobrir é que é. Procuro ainda os fios, a seda, o veludo, o algodão, a estopa. A mistura tem de sair perfeita.
O meu coração sente um pouco de frio, mas consigo manter-lhe a temperatura com o abraço e as palavras que vou dando e recebendo.
Um destes dias vou renascer, com toda a garra e força que marca o meu pequeno ser.
Não perco de vista aquilo em que acredito.
Espero que as palavras não me faltem nunca. Espero que o amor que ponho em tudo o que faço também não.
É uma pausa que me concedo. Um carinho e cuidado que mereço.
Não voltarei menos menina , nem menos mulher. Apenas mais fresca, renascida e pronta para as novas batalhas.

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