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sexta-feira, 2 de junho de 2023

A que distância

Subi ofegante as infames escadas
Respirei fundo todo o ar da minha casa
Bom chegar
Caiem as botas, uma a uma
em cima da cabeça da infame vizinha, lembrei-me já ía a segunda no ar.
São aspetos a melhorar

Ontem disseram-me, porque não o Tinder?
Espantam-me tanto. O Tinder, perguntei? 
Estão lá os amores que vou conhecer? 
Eu não quero ter todo esse trabalho, 
esse empenho para encontrar um homem
Talvez na rua nos cruzemos
ou na fila do pão, ou numa esplanada da cidade, são tantas. 
Só tenho de escolher a esplanada certa. Não é escolher o homem, como no Tinder..
Prefiro abandonar a ideia ao acaso.

Hoje descobri pessoas
das que gostam de poesia
e até troquei umas impressões amáveis, foram amáveis
convidá-mo-nos mutuamente ao diálogo. eu porque tenho saudades, elas, as pessoas da poesia, porque procuram aumentar o património de poetas da cidade

Perguntaram me, é poeta?
Poeta? Eu?
Não me contenho nesse mar
Eu sou das estrelas. Feita desse pó.
Sim, houve poesia para eu nascer, e haverá sempre poesia para me acolher, mas dizer que sou, 
não digo

Um destes dias, ouvi alguém dizer que não usa o sou e o tenho
Fiquei a pensar um tempo no assunto
Eu, pó. Eu, estrelas. Eu, desejo.
Podia parar por aqui

Pára
Escuta e olha-te,
a que distância estás tu,
das estrelas?

desejo, desidus, 
*longe de uma estrela














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